CORONAVÍRUS E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
- VET. MANTIQUEIRA
- 21 de mar. de 2020
- 7 min de leitura
O Novo Corona vírus e os Animais de Estimação – Recomendação dos Membros da WSAVA (Associação Mundial dos Veterinários de Pequenos Animais)
WSAVA
GLOBAL VETERINARY COMMUNITY (TRADUÇÃO Dr Ricardo Siqueira)

Um surto de pneumonia nas pessoas na China tem despertado em todo o mundo preocupação em respeito ao novo coronavírus (denominado SARS-Cov-2) como um risco à saúde pública global.
O novo coronavírus foi identificado após notificações de casos de pneumonia por causas desconhecidas em dezembro de 2019, diagnosticado inicialmente na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei.
Milhares de casos já foram detectados na China, e a doença está sendo exportada pelos viajantes para muitos outros países. Inicialmente, não haviam evidências claras de transmissão direta, ou seja, de pessoa para pessoa. Nas últimas semanas, a transmissão direta do SARS-Cov-2 através das secreções respiratória foi confirmada.
Em janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) nomeou o novo vírus como 2019 novel coronavírus (2019-nCov). De qualquer maneira, em 11 de fevereiro foi definitivamente nomeado como SARS-Cov-2 e a doença causada pelo vírus denominada Coronavirus Disease 2019” (abreviado “COVID-19).
Enquanto mais casos da doença estão sendo reportados diariamente basicamente na China e em outros lugares, a fonte exata onde o surto iniciou permanece desconhecida.
Até o momento, não há nenhuma evidência sugerindo alguma espécie animal específica hospedeira como reserva do vírus, e outras investigações estão em curso.
O Coronavírus pertence a família Coronovidae. Alpha- e beta- coronavírus geralmente infectam mamíferos, enquanto gamma- e delta- coronavírus geralmente infectam aves e peixes.
Coronavírus canino, o qual pode causar diarreia e o coronavírus felino, o qual pode causar Peritonite Infecciosa Felina (PIF), ambos são alpha-coronavirus.
Estes coronavírus não estão associados com o atual surto de coronavírus. Até o aparecimento do SARS-Cov-2, o qual pertence aos beta-coronavírus, existiam apenas seis coronavírus conhecidos capazes de infectar humanos e causar doença respiratória, incluindo a síndrome respiratória aguda severa SARS-CoV (identificada em 2002/2003) e o coronavírus da sindorme respiratória do Oriente Médio MERS-CoV (identificada em 2012).
SARS-CoV-2 é geneticamente mais relacionado ao SARS-Cov do que ao MERS-CoV, mas ambos são beta-coronavírus com sua origens nos morcegos.
Enquanto não se sabe se COVID-19 irá se comportar da mesma maneira que o SARS e o MERS, as informações de ambos os coronavírus mais recentes podem orientar as recomendações a respeito do COVID-19.
Nas últimas semanas tem sido realizado um rápido progresso na identificação da etiologia viral, isolação do vírus infeccioso e desenvolvimentos de ferramentas diagnósticas. De qualquer maneira, ainda permanecem várias questões importantes para serem respondidas.
As informações e recomendações mais atuais sobre infecção humana podem ser encontradas nos seguintes websites:
World Health Organization (WHO) (www.who.int/emergencies?disease?novel-coronavirus-2019)
Centers of Disease Control and Prevention (CDC)
As informações mais atuais relacionadas a saúde animal podem ser encontradas nos seguintes websites:
World Organisation for Animal Health (OIE) www.oie.scientific-expertise/specific-information-and-recommendations/questions-and-answers-on-2019novel-coronavirus/
Em resposta a este surto, a WSAVA Scientific e One Health Committees, prepararam a seguinte lista das questões mais perguntadas aos membros da WSAVA em colaboração com os interesses individuais da Saúde Única ao redor da Terra.
COMO EU POSSO ME PROTEGER E PROTEGER A MINHA EQUIPE CLÍNICA?
Visite a página COVID-19 Prevention and Treatment para aprender a respeito de como se proteger contra doenças respiratórias, como a COVID-19 (www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/about/prevention-treatment.html)
SARS-CoV2 PODE INFECTAR OS PETS?
Atualmente existe limitada evidência de que os animais de estimação podem ser infectados com SARS-Cov-2 e nenhuma evidência de que os pets cães e gatos podem ser uma fonte de infecção para outros animais ou para os humanos que resulte em COVID-19. Isto é uma situação que está evoluindo rapidamente e as informações serão atualizadas conforme estiverem disponíveis.
DEVO EVITAR CONTATO COM PETS OU OUTROS ANIMAIS SE EU ESTOU DOENTE COM COVID-19?
A CDC recomenda o seguinte: “Você deve evitar contato com pets e outros animais enquanto estiver doente com COVID-19, assim como deve com outras pessoas. Embora não tenha sido relatado que pets ou outros animais tenham ficado doentes com COVID-19, é recomendado que as pessoas que estão doentes com COVID-19 tentem limitar a quantidade de contato direto com seus pets.
Quando possível, ter outro membro da casa cuidando do animal enquanto você está doente. Se você está doente com COVID-19 limite o máximo possível a quantidade de contato direto, incluindo acariciar, brincar, ser beijado ou lambido, e compartilhar comida.
Se você necessitar de cuidados para o seu pet ou esteja entre animais enquanto você está doente, tenha certeza que você esteja mantendo boas práticas higiênicas, como lavara as mãos antes e depois de interagir com os pets e usar máscara”.
Por favor, confira por novas atualizações no website das CDC’s
SE MEU PET TIVER TIDO CONTATO COM ALGUÉM DOENTE COM COVID-19, ELE PODE ESPALHAR O VÍRUS PARA OUTRA PESSOA?
Enquanto nos ainda não sabemos com certeza, existe limitada evidência de que os animais de estimação podem ser infectados com ou disseminar SARS-C0V-2.
Nós também não sabemos se eles podem ficar doentes deste novo coronavirus. Adicionalmente, atualmente não existem evidências de que animais de estimação poderia ser uma fonte de infecção para as pessoas. Isto é uma situação que está evoluindo rapidamente e as informações serão atualizadas conforme estiverem disponíveis.
O QUE EU DEVO FAZER SE MEU PET DESENVOLVER UMA DOENÇA INEXPLICÁVEL E ESTAVA AO REDOR DE PESSOAS DOCUMENTADAS COM INFECÇÃO POR SARS-CoV-2?
Nós ainda não sabemos se animais de estimação podem ser infectados pelo SARS-CoV-2 ou doentes com COVID-19.
Se o seu pet desenvolver uma doença inexplicável e tenha sido exposto a uma pessoa com COVID-19, entre em contato com o oficial da saúde pública que está atuando no caso da pessoa com COVID-19. Se a sua área tiver um veterinário da saúde pública, o oficial da saúde pública irá consultar com ele ou com outro oficial apropriado.
Se o veterinário da saúde pública do estado, ou outro oficial da saúde pública, orientar você a levar seu pet a uma clínica veterinária, ligue para a sua clínica veterinária antes de ir para deixa-los cientes de que você está levando um pet doente que foi exposto a uma pessoa com COVID-19. Isto dará tempo para a clinica preparar uma área de isolação.
Não leve o animal a uma clínica veterinária ao menos que você tenha sido instruído a fazer isto por um oficial da saúde pública.
QUAIS SÃO AS PREOCUPAÇÕES RELACIONADAS AOS PETS QUE TENHAM TIDO CONTATO COM PESSOAS INFECTADAS COM ESTE VÍRUS?
Enquanto SARS-CoV-2 parece ter emergido de uma fonte animal, ele agora está sendo disseminado pelo contato direto entre as pessoas.
Transmissão direta é considerada ocorrer principalmente via secreções respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra. Neste momento, não está claro quão facilmente ou sustentavelmente este vírus é disseminado entre as pessoas.
Aprender o que é sabido a respeito da disseminação do recentemente emergido coronavirus.*** Importantemente, existe limitadas evidências que os animais de estimação incluindo os pets como os cães e os gatos, pode ficar infectados com SARS-CoV-2.
Embora não exista evidência de que os pets desenvolvem um papel na epidemiologia da COVID-19, rigorosa higiene manual deve ser mantida por toda a equipe clínica durante a interação veterinária, especialmente se atender algum animal que tenha tido contato com uma pessoa infectada.
O QUE DEVO FAZER COM PETS EM ÁREAS ONDE O VÍRUS ESTÁ ATIVO?
Atualmente existe limitada evidência de que os pets podem se infectarem com SARS-C0V-2. Embora não tenham relatos de pets ou outros animais ficando doentes com COVID-19, até que nós saibamos mais, tutores de pets devem evitar contato com animais não familiares e sempre lavar suas mãos antes e depois que interagirem com animais.
Se o tutor está doente com COVID-19, ele deve limitar o contato direto com os animais em sua casa, incluindo acariciar, abraçar, ser beijado ou lambido, e compartilhar comida. Se ele necessitar de cuidados para seu pet ou estiver ao redor de animais enquanto ele está doente, ele deve lavar suas mãos antes e depois de interagir com eles e usar máscaras.
Isto é uma situação que está evoluindo rapidamente e as informações serão atualizadas conforme estiverem disponíveis.
DEVERIAM OS VETERINÁRIOS COMEÇAREM A VACINAREM OS CÃES CONTRA CORONAVIRUS CANINOPOR CAUSA DO RISCO DO SARS-CoV-2?
As vacinas caninas coronavirus disponíveis em alguns mercados globais são direcionadas para protegerem contra infecções entéricas de coronavirus e NÃO são licenciadas para a proteção contra infecções respiratória.
Veterinários não devem usar tais vacinas frente ao atual surto pensando que elas talvez possam ser alguma forma de proteção cruzada contra SARS-CoV-2.
Não existe absolutamente nenhuma evidência de que vacinando os cães com as vacinas comercialmente disponíveis irá prover proteção cruzada contra infecção por COVID-19, uma vez que viroses entérica e respiratória são distintamente variantes diferentes de coronavírus.
Não existe nenhuma vacina atualmente disponível em nenhum mercado para infecção respiratória por coronavírus no cão. (Informação do WSAVA Vaccination Guidelines Group).
Nota: WSAVA reconhece que nem todas as recomendações podem ser aplicadas para todas as áreas ou todas as regiões a todo tempo, depende do risco epidemiológico e risco de mitigação na área.
WSAVA orienta os veterinários a manterem contato estreito, e seguirem as diretrizes das autoridades veterinárias locais.
A WSAVA tem se mobilizado para tranquilizar os tutores de pets seguindo as notícias de um cão em Hong Kong, que ficou em quarentena após ser testado positivo para SARS-CoV-2 ter morrido. O cão foi solto após 2 semanas de quarentena sendo subsequentemente te testado negativo para o vírus.
O cão, lulu da Pomerania de 17 anos de idade, não apresentava sinais clínicos da COVID-19. De qualquer maneira, ele tinha significantes problemas de saúde não relacionados como disfunções cardíaca e renal e acredita-se que ele faleceu por estas causas, exacerbadas pelo estresse da quarentena distante dos familiares e pela idade avançada. A WSAVA confirma que não há evidência de que o cão contraiu COVID-19, nem de que ele poderia ter passadoo vírus para outro humano ou animal.
Em 19 de março, o Departamento de Agricultura, Pesca e Conservação (AFCD) em Hong Kong anunciou que um segundo cão, um pastor alemão, também foi testado positivo para SARS-CoV2. O cão foi encaminhado para quarentena após seu tutor ser confirmado com COVID-19. Embora o cão tenha sido testado positivo, ele não tem sinais clínicos da doença. Outro cão da mesma residência foi testado negativo para o SARS-Cov2. Ele também não tem sinais clínicos relevantes.
Fonte: https://wsava.org/wp-content/uploads/2020/03/COVID-19_WSAVA- Advisory-Document-Mar-19-2020.pdf
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